Em um mundo que clama pela efervescência ultraveloz de tecnologias estupendas, o quão contraditório é ter vozes unidas em coro pedindo por mais consciência e ponderação diante do processo evolutivo moderno? 

Ainda que aparente ser uma prece sem sentido, ou até mesmo uma tentativa de rejeição do progresso, o movimento Low Tech é uma iniciativa de potencial quase messiânico. Seu propósito? Salvar o planeta em que vivemos.

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Salvá-lo de nós mesmos. 

A causa Low Tech surgiu quando o ser humano se deparou com a escassez de recursos naturais e finalmente percebeu que era hora de agir. As infelizes consequências das atitudes tão inconsequentes de toda uma raça não puderam mais ser ignoradas. 

Viu-se a necessidade de mudar os rumos tomados por nossos ancestrais, e também os nossos próprios, a fim de garantir que a nossa descendência também pudesse ter um lar para errar, aprender e evoluir. Como se despertasse o bom senso que há muito hibernava, o impulso inicial para começar a reparar a destruição enfim fora dado. 

Da mesma forma que uma bandeira é hasteada para sinalizar um território, o movimento Low Tech ergueu-se para sinalizar intervenção; intervenção ao antigo modo de viver. E quanto ao que é antigo, resta apenas o desejo de consertar os erros cometidos passado, pois o Low Tech é um movimento encabeçado por jovens insatisfeitos com a herança que receberam.

Para o Low Tech, a tecnologia é importante e necessária, sim. Porém, deve ser usada como ferramenta para garantir a longevidade da Terra; garantir que ela permaneça firme sob os nossos pés. Por esse ideal, o objetivo é fazer com que as criações tão maravilhosas que idealizamos no sonho por um ‘futuro espetacular’, de fato cumpram seu propósito e sejam perenes, persistindo neste futuro — já um tanto desacreditado — que hoje enxergamos. 

Neste contexto, temos visto as mais diversas tecnologias sendo aplicadas aos mais diferentes cenários: calçados desenvolvidos por plásticos retirados dos oceanos; roupas costuradas em tecidos feitos com fibras mais duradouras; máquinas de lavar criadas para ultrapassar gerações, canudos biodegradáveis; energias renováveis mais acessíveis; entre outras invenções fantásticas e necessárias. 

Consumir com sabedoria. Consumir menos. Consumir o que é feito para o consumo, em vez de devorar outras espécies. Eis outros lemas que movem este movimento.

Foi declarado e assinado o fim da obsolência outrora vivida e amada. 

As coisas não devem mais ser feitas para o descarte, pois, afinal, entendemos da forma mais difícil que não há uma grande lixeira em nosso mundo. O que ‘vai fora’, sempre fica. 

Diante de toda essa mudança, o mercado precisou se adaptar. Grandes empresas correram para mudar suas ideologias, e, em tempo, patrocinar o desenvolvimento sustentável. Para outras, tal conversão de propósito do grande público significou uma oportunidade de sobressair-se entre a concorrência. E, desde que suas práticas de fato sejam positivas, não há nada de errado com isso. 

Deu-se início à uma plantação de startups, cada uma com uma proposta mais interessante e relevante. Todas indispensáveis para renovar os nossos ares.  E seus frutos, verdadeiros alimentos para um planeta faminto.

O que isso ensina? Ensina que a tecnologia sem um propósito de nada vale; é vazia. Se não for utilizada para promover reais transformações no grupo, na sociedade, no mundo que vivemos e convivemos, ela será infrutífera. 

Novamente, Low Tech não é um abandono, ou uma negação, à eficiência daquilo que é tecnológico. É apenas mais uma das inúmeras formas de revolução lideradas pelos humanos no que concerne às preocupações sobre a nossa evolução. Low Tech é a redefinição de pensamentos, uma oposição ao ideal de que tudo deve se concentrar ao redor de high-technologies.

É também o entendimento de que apostar no poder da tecnologia significa rever os meios pelos quais se rompem paradigmas, pois tudo tem seu preço.

E nem sempre ele está em uma etiqueta.