O risco Brasil é um dos parâmetros econômicos mais importantes quando falamos de credibilidade internacional. A relação entre países, em sua grande maioria, é baseada e fortalecida pelo risco país, que é um medidor de confiabilidade em uma nação sobre o cumprimento de suas obrigações. 

Esse indicador é influenciado por uma série de fatores que vão muito além da economia. Ele reflete a percepção de investidores internacionais sobre a capacidade do país de manter estabilidade política, cumprir compromissos fiscais e gerar crescimento sustentável. 

Ao longo deste conteúdo, vamos detalhar o conceito de risco Brasil, como ele é calculado e quais índices participam dessa avaliação.

  • Neste artigo você vai ver:

O que é risco Brasil?

Indicador de grande relevância político-econômica, o risco Brasil é utilizado para medir a confiança do mercado internacional na capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros. Ele reflete o comportamento do ambiente econômico e o grau de segurança que investidores estrangeiros podem esperar ao negociar com o Brasil, servindo como um medidor da credibilidade nacional perante credores e agentes do mercado global.

Dessa forma, não se trata apenas de um número ou índice, mas de um termômetro da confiança mundial no Brasil, que impacta diretamente taxas de juros, fluxo de capitais estrangeiros e até mesmo a valorização da moeda.

Como o risco Brasil é medido?

Essa prática também é adotada em outros países e, no caso do Brasil, é mensurada principalmente pelo EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus) – que foi descontinuado em julho de 2024 e criou-se uma alternativa apelidada de “CRP by SPA”. Criado em 1992, esse indicador mede o risco de crédito dos países listados abaixo, avaliando a credibilidade de cada nação no mercado internacional a partir das classificações fornecidas por agências de rating.

Alguns países que participam deste indicador são:

🔷 África do Sul

🔷 Argentina

🔷 Brasil

🔷 Bulgária

🔷 Colômbia

🔷 Egito

🔷 Equador

🔷 Filipinas

🔷 Malásia

🔷 Marrocos

🔷 México

🔷 Nigéria

🔷 Panamá

🔷 Peru

🔷 Polônia

🔷 Rússia

🔷 Turquia

🔷 Ucrânia

🔷 Venezuela

Além do EMBI+, as agências de classificação de risco — como Standard & Poor’s (S&P), Moody’s e Fitch — também emitem ratings soberanos para o Brasil, que variam de grau de investimento até níveis especulativos. Esses ratings consideram fatores econômicos, fiscais, políticos e sociais.

Quais são os fatores que influenciam o risco Brasil?

Esse indicador é construído a partir de diversos fatores — em especial, os aspectos econômicos e políticos — que, a cada movimento, geram consequências diretas para o país. Abaixo, destacamos os principais pontos que influenciam essa análise.

Aspectos econômicos

O risco Brasil é diretamente influenciado pelo desempenho da economia. Alguns fatores-chave são:

  • Inflação: quando os preços sobem de forma descontrolada, há perda de poder de compra e insegurança para investidores, aumentando o risco percebido.
  • Dívida pública: níveis elevados de endividamento indicam maior incerteza quanto à capacidade do país de honrar compromissos, elevando a percepção de instabilidade.
  • PIB (Produto Interno Bruto): o crescimento econômico sustentável reduz o risco, enquanto retrações ou baixo desempenho sinalizam fragilidade.
  • Câmbio: flutuações bruscas na taxa de câmbio afetam investimentos estrangeiros, exportações e importações, trazendo insegurança para o mercado.
  • Carga tributária: uma estrutura tributária pesada e complexa aumenta custos e reduz a competitividade das empresas, impactando a atratividade do Brasil.

Aspectos políticos e sociais

Além da economia, fatores políticos e sociais também pesam no cálculo do risco Brasil:

  • Instabilidade política: mudanças frequentes de governo, disputas institucionais e falta de consenso em políticas públicas desestimulam investimentos.
  • Corrupção: escândalos de corrupção reduzem a credibilidade do país, afetando diretamente a confiança de investidores internacionais.
  • Conflitos sociais: greves, manifestações e tensões sociais criam incertezas quanto à segurança jurídica e estabilidade para negócios.

Impactos do risco Brasil para empresas e investidores

O nível do risco Brasil funciona como um termômetro da confiança no país. Quando o índice sobe, empresas e investidores sentem os reflexos em diferentes frentes: crédito mais caro, menor entrada de capital estrangeiro, retração no consumo e até queda na valorização de ativos. Já quando ele cai, o ambiente se mostra mais previsível, estimulando investimentos, financiamentos e expansão dos negócios.

Em outras palavras, o risco Brasil não impacta apenas o setor financeiro, mas também o dia a dia das empresas — desde o acesso a crédito até a competitividade no mercado internacional.

Para investidores, o risco Brasil se traduz em volatilidade e exigência de retornos mais altos. Fundos internacionais costumam retirar capital da bolsa brasileira em períodos de instabilidade, o que diminui a liquidez e pressiona o valor de mercado das empresas listadas. Esse movimento também encarece o custo de financiamento via mercado de capitais.

No mercado de dívida, tanto o governo quanto as empresas precisam oferecer taxas maiores para atrair investidores, elevando o custo de rolagem da dívida pública e corporativa. Além disso, a saída de recursos estrangeiros pressiona o câmbio, fazendo o dólar subir e aumentando a instabilidade nos portfólios de quem investe sem proteção cambial.

O que acontece quando o risco está alto

🔵 Redução da atratividade para capital estrangeiro: o país passa a ser visto como uma aposta arriscada, afastando investidores ou exigindo maiores garantias.

🔵 Custo da dívida: para compensar esse risco, o governo precisa oferecer juros mais elevados, o chamado prêmio de risco. Isso encarece o financiamento externo e pressiona as contas públicas.

🔵 Efeito político: crises institucionais e incertezas sobre políticas econômicas ampliam a percepção de instabilidade, aumentando ainda mais a desconfiança do mercado.

🔵 Reflexo no mercado de ações: como esse indicador reflete a confiança dos investidores na regularização econômica do país, índices como o Ibovespa tendem a acompanhar esse movimento — quanto mais alto o risco, maior a volatilidade e menor a atratividade da bolsa.

Cenário atual e tendências

Nos últimos anos, o índice registrou movimentos significativos — de picos em períodos de maior incerteza a quedas quando houve melhora na previsibilidade econômica.

O gráfico abaixo mostra a evolução do Risco Brasil no dia 1º de janeiro de cada ano entre 2021 e 2025, destacando como o indicador reagiu às mudanças no cenário nacional e internacional.

risco-brasil: gráfico

Dados: Investing e World Government Bonds

O gráfico evidencia como o Risco Brasil vem oscilando nos últimos anos, refletindo tanto fatores internos quanto externos que influenciam a percepção de investidores sobre a capacidade do país de honrar seus compromissos. Após a queda observada em 2024, o indicador voltou a subir em 2025, alcançando 214 pontos-base no início do ano.

Para os anos seguintes, a tendência é de que o risco siga sensível a dois elementos-chave:

  • Período eleitoral: o calendário político aumenta a inconstância, já que o mercado costuma reagir às incertezas sobre o direcionamento econômico e fiscal do país.
  • Reforma Tributária: a implementação e regulamentação das mudanças trazidas pelo novo sistema tributário podem alterar significativamente a percepção de previsibilidade e estabilidade fiscal, mexendo diretamente com o interesse do investidor.

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